“Aracaju cresceu e sua população cresceu junto. Mas os seus canais de escoamento de água continuam os mesmo de 30, 40 ou 50 anos atrás, ainda por cima assoreados ou tomados por lixo jogado pelos moradores. Como se não bastasse, as mudanças climatológicas têm motivado o aumento do volume de água no mar, que nas cheias, a depender das marés, joga essa água nos canais e eles transbordam, inundando ruas e avenidas, como acontece frequentemente no Bairro 13 de Julho, uma área nobre e que tem o metro quadrado mais caro de Sergipe”. O comentário é do meteorologista Overland Amaral.
Amaral lembra que Aracaju é uma cidade baixa e no seu centro comercial, na área da Catedral Metropolitana, está a apenas três metros acima do nível do mar. Na Avenida Rio Branco, na verdade em toda a “Rua da Frente”, do trecho dos mercados até chegar ao final da Beira Mar, dá para observar que a água está bem próxima das vias. “Isso acontece há muitos anos. Aracaju surgiu a partir de um aterro e esse aterro foi feito muito baixo. As consequências disso são muito sentidas hoje. A limpeza, recuperação e abertura de novos canais podem melhorar essa situação”, alerta o meteorologista.
Overland Amaral alerta que o mesmo problema existente em Aracaju está na Holanda, onde o mar costuma invadir imensas áreas em alguns períodos, mas a população já não sente os efeitos, pois foram feitos canais e barreiras em condições de suportar os impactos do avanço marítimo. “Como estamos condenados a viver assim, com o mar sempre avançando sobre a área urbanizada, é recomendável manter os canais limpos e sem assoreamentos e a abertura de novos para suportar os impactos de chuvas e do avanço das águas do Atlântico”, recomenda.
Segundo ele, o volume das chuvas que atingiram Aracaju nos últimos dias já ultrapassou os 70 mm e a previsão para este mês é de 220 mm. “Toda vez que chove um pouco mais em Aracaju as inundações de ruas e avenidas sempre acontecem. Isso também é motivado pela modernidade, pois o asfalto impermeabiliza as ruas e não há terra para a absorção das águas. Repito: o fenômeno das inundações de ruas e avenidas não é nada novo, mas existe uma tendência ao agravamento. Parece que tudo, inclusive a desatenção dos administradores, trama contra a população. É lamentável”, conclui.
Fonte JC