Moradores de rua invadem pontos turísticos de Aracaju

morador de ruaPessoas vindas de outros Estados e até mesmo do interior sergipano têm utilizado os espaços da Orla da Atalaia para estabelecer moradia. Na área dos lagos, por exemplo, existem cabanas e os moradores utilizam o lago para pescar. Na grama, eles acendem fogueiras, cozinham e até assistem TV. Outros locais também estão ocupados: Orlinha da Coroa do Meio, antigo Hotel Parque dos Coqueiros e no Banho Doce, na Praia de Aruana. O fato, no entanto, tem preocupado os frequentadores da Orla, que estão se sentindo intimidados com a presença destas pessoas, já que há a suspeita que eles estejam cometendo pequenos delitos no local. O medo aumentou ainda mais depois do caso da turista assassinada por um morador de rua. A Administração da Orla informou que está preparando uma ação de retirada das pessoas do local.  

A presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis/Sergipe (Abih/SE), Daniela Mesquita, revela que os proprietários de estabelecimentos da Orla de Atalaia têm questionado e cobrado providências em relação ao aumento do número de moradores de rua na área. Mesquita cobra que essa questão tenha acompanhamento de todas as esferas, pois além de ser um assunto de segurança é uma questão social.  Ela frisa que estas pessoas podem não ser violentas, mas em virtude dos casos, inclusive de assassinatos, é melhor tomar uma providência antes que a situação saia do controle.

“Informamos a situação ao secretário de Segurança Pública e ao de Turismo Municipal, pois recentemente na Passarela do Caranguejo algumas pessoas acamparam próximo à passagem que dá acesso à praia. O fato acabou amedrontando não só os turistas como também os funcionários e frequentadores da Orla. Em parceria com a Secretaria de Ação Social, os moradores de rua foram retirados, mas eles acabaram voltando. A gente sabe que este é um assunto de cunho social, mas muitos deles não querem nem ir para o abrigo que é oferecido”, diz.

O gerente de um dos hotéis que fica localizado na Passarela do Caranguejo, Henrique Góis, contou que a ocupação dos moradores de rua na redondeza tem deixado não só os hóspedes preocupados como também os funcionários do hotel. Góis pontua que um grupo de moradores de rua acampou em frente ao hotel e a presença deles começou a amedrontar os frequentadores, visto que o uso de drogas ocorria a qualquer hora do dia.

“Como eles ficavam acampados em frente ao hotel, as pessoas iam atravessar a passarela para ir à praia mas ficavam temerosas, ainda mais porque eles usavam drogas, e havia problema de brigas entre eles inclusive com o uso de faca; sem contar que temos casos de roubos, inclusive depois da meia-noite, quando os nossos funcionários estão indo embora e os consumidores de bares também”, contou Henrique Góis.

O superintendente da Orla, Ricardo Soares, informou que há algumas semanas a Administração da Orla, em parceria com a Guarda Municipal, fez a retirada dos moradores de três pontos: do Sesc, motocross e na passarela. Na ação, encontraram em poder das pessoas diversas armas brancas, como facas, pés-de-cabra etc. Apesar de terem realizado a ação, eles acabaram voltando e a administração já prepara outra ação prevista para a próxima segunda-feira. “A situação está ficando complexa, eles estão inclusive intimidando os funcionários que cuidam da jardinagem, impedindo-os de molhar a grama e aproximar-se deles. A gente fez a ação de retirada, mas eles acabaram voltando e migrando para outros locais”, explicou Soares.

José Carlos, funcionário da empresa que realiza serviços de manutenção da área verde da Orla, conta que seu amigo foi ameaçado enquanto trabalhava no local. O fato ocorreu na área dos lagos. “Meu colega de trabalho estava regando a grama, quando um dos casais que mora numa dessas cabanas começou a brigar, meu amigo foi olhar para a briga e um homem cabeludo achou ruim, pegou e uma faca e apontou para ele. Imagine a situação em que a gente está aqui. A gente não pode regar as plantas nem aparar a grama no local que eles ficam acampados. A gente não pode nem chegar perto porque eles tomaram conta do lugar, até peixe eles tiram do lago para comer, ascendem fogueira, usam drogas, fazem de tudo aí”, comentou o rapaz.

O delegado da Delegacia de Turismo, Fernando José Andrade, conta que a Polícia Civil tem feito investigações diante das denúncias de que moradores de rua estavam praticando assaltos e furtos na Orla. No entanto, apesar de ter realizado algumas prisões e apreensões de adolescentes, eles não ficam muito tempo na prisão, e quando saem acabam cometendo novos crimes.

“Em um mês, nós prendemos oito pessoas que estavam praticando furtos e assaltos na Orla. A Polícia Civil está fazendo a parte dela, mas como são soltos rapidamente, acabam voltando e praticando novos crimes. Só em um mês, o mesmo adolescente foi preso três vezes. Então, a gente esbarra nessa questão, a polícia investiga, prende e logo o criminoso está solto”, comenta o delegado, salientando ainda que qualquer vítima deve prestar um boletim de ocorrência para que as autoridades policiais tenham conhecimento dos casos e assim possam traçar ações para combater os crimes.

O Assessor de Comunicação da Polícia Militar de Sergipe, o tenente-coronel Paulo Paiva, informou que a Orla de Atalaia é um dos locais mais policiados da cidade. “O local tem patrulhamento ostensivo não só da Companhia de Polícia de Turismo (CPTur), mas como da Radiopatrulha e do Grupamento Tático com Motos (Getam). Já a questão dos moradores de rua é um problema social; as informações que eles estariam praticando roubos e furtos são genéricas. Já o policiamento, este é bastante efetivo na Orla”, disse Paiva.

Por meio de nota enviada ao JORNAL DA CIDADE, a Secretaria Municipal da Família e da Assistência Social (Semfas) informou que através do Centro POP vem sistematicamente realizando abordagens sociais em várias localidades de Aracaju, como nos diversos pontos da Orla de Atalaia. Em 2014, foram catalogadas cerca de 20 pessoas vivendo em situação de rua na região da Orla.

Segundo relatório feito pelo Centro POP, “a maioria dos indivíduos identificados, durante as abordagens, estavam na Orla em situação transitória, outros eram provenientes de Estados próximos ou possuíam família com residência fixa no Município de Aracaju, sendo estes últimos direcionados ao Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de sua região residencial”.

A Semfas informou ainda que “o papel do Centro POP não é realizar a retirada involuntária de usuários em situação de rua. Como equipamento sócio assistencial do Suas,  o POP oferece serviços de cadastro único, abordagem social, higienização, garantia alimentar, encaminhamento para a retirada de documentação pessoal, endereço institucional de referência, encaminhamento para rede de serviços de acordo com as necessidades dos usuários (saúde, educação); encaminhamento para unidades de acolhimento institucional, dentre outros. Além disso, o Centro também oferta almoço e jantar em um restaurante popular para as pessoas em situação de rua que são usuárias do serviço. Desde sua criação em 2011, mais de mil e cem pessoas já passaram pelo Centro, por meio de abordagem social ou acesso direto à unidade”, esclareceu a Semfas.

Fonte JC

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