Bairro Industrial é cenário da fabricação de barcos

barcos do bairro industrialHá trinta anos, Bruno Procópio Neto desembarcava em Aracaju para atender ao chamado de um amigo, que estava precisando de alguém que o ajudasse na fabricação de barcos. O que era pra ser uma curta temporada de trabalho do então jovem sergipano de Nossa Senhora de Lourdes, que começou a fazer pequenos barcos ainda quando criança para brincar, virou dedicação de uma vida inteira. Agora ele atende pelo nome de Mestre Bruno, 53 anos, carpinteiro naval.

Foi no bairro Industrial, com o rio Sergipe margeando o seu local de trabalho, que o Mestre iniciou sua carreira. “Quando cheguei aqui me instalei no bairro com minha esposa e meus filhos. Eu gosto de estar aqui e acompanhei todas as transformações desse lugar”, disse. Inicialmente, Bruno utilizava os materiais que eram cedidos pelo seu amigo, mas logo conseguiu montar o seu próprio espaço.

O sustento da família vem de uma atividade que já não possui tantos adeptos, diante dos avanços tecnológicos que cada vez mais transformam os trabalhos manuais em mecânicos. No galpão, cada madeira é serrada com maestria e precisão, para que depois sejam unidas, dando forma ao trabalho. Ao longo da carreira, mestre Bruno já fabricou mais de 200 barcos, entre lanchas de madeira, barcos de corrida, de pesca e canoas.

Durante todo tempo que em que reside em um dos bairros mais antigos da capital sergipana, com mais de 96 anos de história, mestre Bruno pode acompanhar as mudanças na estrutura da região, como a construção de um dos cartões postais da cidade, a Orlinha do Bairro Industrial. “Eu acompanhei cada etapa daqui porque sempre trabalhei na orlinha. Essa brisa que vem do rio junto com a paisagem me faz bem”, relata.

O cenário

Idealizada para ser um ponto turístico e de lazer para sergipanos e turistas, a orlinha traz atrações para toda família, com restaurantes, espaços para as crianças, além de uma paisagem contemplativa do rio Sergipe e da Barra dos Coqueiros. Isso tudo acompanhado de um visual nostálgico das casinhas com estrutura do século XX. Aos finais de semana, barracas de lanches, mesinhas e mais gente reunida movimenta a região.

Recentemente, o Governo do Estado finalizou a construção da segunda etapa da orlinha, com o projeto de urbanização que inicia com a duplicação da Avenida General Calazans, tendo início após a ponte Aracaju/Barra dos Coqueiros e segue até o entroncamento com a Rua Mário Matiotti, uma importante via de acesso ao Parque da Cidade Governador José Rollemberg Leite.

A obra trouxe uma área mais ampla e iluminada, com projeto paisagístico no qual foram plantados 594,61 m² de grama verde-esmeralda e uma variação de plantas nativas, além de estacionamento, calçadão para o passeio com a família, muro de contenção, guarda-corpo em madeira e concreto em torno dos 400 metros de extensão, uma rampa de acesso ao rio para pequenas embarcações, 13 bancos de concreto com encosto e implantadas 13 lixeiras de coleta seletiva.

A tradição

Curiosamente, o artesão escolheu o local que abrigou muitas indústrias no passado, como ambiente de um trabalho tão artesanal que executa. Um dos poucos carpinteiros navais em atividade, Bruno conta que um barco, da produção até ser entregue, demanda em média quarenta dias de trabalho. “Eu faço questão de cuidar dos meus barcos. Atendo a muitos pescadores e gosto do que faço. Trago meus filhos para ensiná-los a profissão e para que eles vejam como dá orgulho trabalhar com verdadeiras obras de arte. Cada barco que vejo velejando rio afora, me faz sentir parte da história desse lugar. Vivo mais aqui no meu galpão do que em casa, porque não ocnsigo cansar dessa paisagem”, finaliza o Mestre.

 

 

 

Fonte: ASN/Silvânio Júnior

 

 

 

logo
Rua Dom Bosco, 96 - Cirurgia 
Aracaju-SE - CEP: 49.055-340
Whatsapp:  79 99932-1656
Email: contato@gazetahoje.com