Com o intuito de reivindicar o fim da manipulação na contabilidade pública e efetivação dos acordos com a categoria, como o Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV) e os subsídios, além do reajuste salarial, os sindicatos da Saúde fizeram uma mobilização quinta-feira (16), durante o último dia da paralisação de 48 horas, na frente do Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE).
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Área da Saúde do Estado de Sergipe (Sintasa), Augusto Couto, espera que o Governo do Estado abra a “mesa de negociação, mas não a de enrolação”. “Queremos uma negociação para dar continuidade aos assuntos que estão praticamente parados, como o Plano de Emprego e Remuneração (PER), que ainda não avançou e é um direito do trabalhador celetista, além do PCCV que tem que funcionar de verdade”, afirma Augusto. “Se o Governo não atender as nossas reivindicações nós iremos fazer greve por tempo indeterminado”.
O presidente do Sintasa explica ainda que o ato público serve para reivindicar também algumas pautas específicas dos trabalhadores do nível médio da Saúde. “Existem algumas ações judiciais que, praticamente, só quem acionou foi o Sintasa por envolver somente a nossa categoria, como a questão da variável que já saí incorporada ao salário do servidor, mas existe o retroativo que é o passivo que a Fundação Hospitalar de Saúde não pagou ainda e nós queremos cobrar isso”, explica Augusto. “Outra ação judicial é a questão dos auxiliares de enfermagem que estão no nível básico, mas que precisa ir para o nível médio”, completa.
Na avaliação da presidente do Seese, a insatisfação é muito grande dos trabalhadores dentro dos hospitais em todas as categorias que aderiram a paralisação de 48 horas. “Em todas as regionais as categorias foram avisadas e orientadas. E os enfermeiros sabem quais são os problemas do atual Governo do Estado, que não abre para as negociações e não recebe o trabalhador. É um governo popular que deveria ser favorável ao trabalhador e, no mínimo, deveria abrir um espaço para a negociação e de diálogo, mas não se abriu”, disse Shirley Morales, alertando que o diálogo que o Governo tem tido é apenas com o Sindicato dos Trabalhadores nos Serviços Públicos do Estado de Sergipe (Sintrase), que já estão em processo de greve.
A presidente do Seese chama atenção ainda pela luta da categoria em relação à continuidade ou não da Fundação Hospitalar de Saúde. “ A nossa preocupação é que o trabalhador da FHS não seja prejudicado, que ele tenha instabilidade e que possa ter um descanso. São trabalhadores que fizeram o concurso público para ocupar as vagas aqui em Sergipe e em nenhum momento foram avisados de que poderiam perder seus empregos”, observa Morales, acrescentando que os sindicados têm procurado estar em parceria com o Ministério Público Federal (MPF) sobre essa questão.
Para o enfermeiro Neylor Aragão, que também é da direção do Seese, o Governo não demonstra interesse para conversar, não valorizando os trabalhadores. “Os profissionais estão adoecendo, não tem condições de trabalho, a população nos culpa e quando falta alguma coisa acha que não queremos trabalhar, mas sim porque não temos condições para isso. A gente vive rodando para tentar marcar os procedimentos, que muitas vezes são desmarcados porque falta material”, diz Neylor, lotado no HUSE.
Manobra do Governo
O vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil em Sergipe (CTB/SE), Waldir Rodrigues, disse que o Governo do Estado usou uma manobra exonerando 3 mil cargos de comissão em dezembro porque precisava pegar um dinheiro emprestado da ordem de R$ 170 milhões que estava preso por uma questão burocrática pelo parecer do Senado Federal, mas em janeiro foram nomeados novamente os 3 mil cargos, com retroativo a 1º de dezembro. “Era para ter tomado essa atitude para colocar o Estado num patamar compatível com a Lei de Responsabilidade Fiscal. Ele (governador) fez isso e foi possível para tomar dinheiro emprestado, mas na hora de resolver o problema do trabalhador, ele não faz porque o compromisso dele é com os aliados, não é nem com o trabalhador e nem com o povo sergipano”, afirma Waldir Rodrigues.
Ascom Seese