Ainda era agosto de 2022, quando no desenvolvimento da campanha, naquele momento o candidato presidencial do PT, Lula, usou palavras de ironia e condenação sobre violência doméstica ao comentar a Lei Maria da Penha na região central de São Paulo. “Quer bater em mulher? Vá bater noutro lugar, mas não dentro da sua casa ou no Brasil porque nós não podemos mais aceitar isso”, bravejou o pernambucano. Não foi a única vez que Lula, em março de 2023, verbalizou a mesma seara já então presidente da República, em agenda oficial no Mato Grosso.
Agora Lula se defronta em poder atuar sobre o tema bem perto do seu círculo. A Justiça concedeu medidas protetivas à ex-mulher do filho de Lula. Luís Cláudio Lula da Silva deverá deixar o apartamento em que vivia com Natália e manter distância de sua ex-companheira.
Natália Schincariol, médica, denunciou ser vítima de agressões desde janeiro. O filho de Lula nega as acusações. Em boletim de ocorrência, ela conta que foi agredida fisicamente com uma cotovelada na barriga no final de janeiro. Ela também relatou violência “verbal, psicológica e moral” que “têm se intensificado ao longo do tempo”. As sequelas das agressões incluiriam o afastamento do trabalho por um mês “devido ao trauma” e a hospitalização por “crises de ansiedade”.
“Relato que estou sofrendo violência doméstica por parte de Luís Cláudio Lula da Silva. As agressões são de natureza física (oportunidade em que me deu uma cotovelada na barriga em uma das brigas no final de janeiro deste ano), verbal, psicológica e moral, e têm se intensificado ao longo do tempo, colocando em risco a minha integridade física e mental”, disse Natália Schincariol.
O relato ainda inclui que foi “manipulada e ameaçada para não denunciar as agressões, sob a alegação de que o agressor é filho do presidente e que possui influência para se safar das acusações”. Em testemunho, Natália atribuiu a Luís Cláudio a seguinte declaração: “Ninguém vai acreditar em você, eu tenho poder e você não tem nada”.
Luís Cláudio deverá deixar o apartamento em que vivia com Natália e manter distância de sua ex-companheira, com quem manteve um relacionamento por dois anos e meio. Em decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) houve a concessão de medidas protetivas à médica Natália Schincariol, que acusa seu ex-marido.
O Filho de Lula rebateu em nota: “Tomamos conhecimento das fantasiosas declarações que teriam sido proferidas pela médica, atribuindo ao nosso cliente inverídicas e fantasiosas agressões, cujas mentiras são enquadráveis nos tipos dos delitos de calúnia, injúria e difamação, além de responder por reparação por danos morais, motivos pelos quais serão tomadas as medidas legais pertinentes.”
A cúpula do governo atuou para restringir a notícia, com algum sucesso, pois até quinta-feira (4/4) não havia destaque nos canais de televisão. O silêncio atinge parte da imprensa, que sempre se mostra intransigente contra casos enquadrados na Lei Maria da Penha. Outra vergonha é a falta de atitude dos ministros da Justiça, da mulher ou dos Direitos Humanos sobre o denunciado agressor de mulher.
Por Tulio Ribeiro
