Brasil está preso num golpe que não existiu

jusO Brasil é algo estranho para se entender. O judiciário julga, prende e impede acesso a advogados de supostos culpados de um golpe que não ocorreu. Poderíamos está cuidando de otimizar os processos criminais, melhorar a segurança ou criar condições dignas aos presos e agilizar veredictos, mas nos prendemos em misturar judiciário e a política. Como negar o caráter de indicações políticas para cargos que deveriam ser apenas técnicos? Estamos algemados aos interesses políticos do governo que esteja vigente.

Juristas condenam o erro grave do ministro Alexandre de Moraes de proibir a comunicação entre advogados.  A determinação está na decisão na operação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados. Até advogados ligados ao PT reconhecem, e a Ordem de Advogados do Brasil (OAB) disse que vai recorrer. Na verdade, hoje, Moraes é imbatível e supremo. Foi ele que determinou busca, apreensão e prisões. Estão mostrando que encontraram uma minuta de “decreto de golpe” que incluía a prisão de Moraes, mas ela não foi assinada, assim como Tiradentes também não deu o golpe que pretendia. Assinar depois de 31 de dezembro de 2022 não era possível – depois de 1.º de janeiro de 2023 quem assinava o decreto era Lula. E ainda há uma outra minuta que teriam encontrado na sala de Bolsonaro na sede do Partido Liberal. O PT de pronto atuou, o senador petista Humberto Costa, líder do partido, disse que, se isso for verdade, vai pedir a cassação do PL, que tem a maior bancada e cujo presidente, Valdemar Costa Neto, foi preso por posse de uma arma com registro vencido em um dos endereços dele. Seria uma devastação política sem previsão certa para os desdobramentos.

Citando os civis, foi preso Filipe Martins, que tinha sido secretário de Assuntos Internacionais da Presidência da República – era ele quem teria essa minuta de decreto. Entrou também um padre, José Eduardo de Oliveira e Silva, de Osasco, que seria do “núcleo jurídico” do golpe, embora não seja doutor em Direito, mas em Filosofia e Teologia. Até o Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente Figueiredo, está nessa.

Abordando os militares, o comandante do Exército foi avisado da operação na véspera, devido à grandiosidade da operação que golpeou importantes personagens do Exército: o general Augusto Heleno, por exemplo, só perde em prestígio para o general Villas Bôas. O general Paulo Sérgio foi comandante do Exército e ministro da Defesa; o general Braga Netto foi comandante no Rio, chefe da Casa Civil e ministro da Defesa; o general Theophilo vem de uma família toda de generais, foi comandante do Comando de Operações Terrestres do Exército e comandante militar da Amazônia, assim como o general Augusto Heleno.

Foi inserido na ação, o coronel que estava em um curso nos Estados Unidos, vai ter de voltar e será preso, porque ele estaria ensinando técnicas das Forças Especiais ao pessoal que estava nos acampamentos. Fico imaginando o que ele estava ensinando, porque o pessoal que vai para as Forças Especiais em Goiânia tem um treinamento muito duro e severo. Mas é o que está escrito nas decisões de prisão, busca e apreensão. O ministro da Defesa disse que cabe às Forças Armadas apoiarem a decisão da Justiça, a Marinha disse em nota que não iria se manifestar, e o Exército foi avisado antecipadamente

O Brasil se perde na prática de um paradigma onde o foco é debilitar os adversários, indiferente da ideologia ou qual governo esteja estabelecido. Perde-se tempo, enquanto isso policiais morrem devido marginais liberados pela determinação de final de ano, a prostituição infantil aumenta, e uma das 77 facções criminais que existe no país avançam nos bairros subjugando a população. Romantizar o criminoso, ao mesmo tempo que fazemos grandes operações midiáticas que no final não acrescenta, apenas permite grandes manchetes e promovem personagens em vez de instituições.

Por Tulio Ribeiro

 

 

 

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