Um jogo de ida, outro de volta. Soma-se o resultado das duas partidas, o melhor passa, o pior fica pelo caminho. Ou jogo único, mais decisivo ainda: 90 minutos para definir quem passa. O formato de mata-mata é simples, mas divide opiniões. Tem quem goste, pela emoção, e tem quem seja contra, pela possibilidade de "o melhor time perder". A discussão é eterna, mas fato é que, entre os clubes, há quem se dê melhor nesse tipo de torneio. É aquele time considerado "copeiro", que cresce nos mata-matas. Entre os treinadores isso também existe, e um exemplo claro disso é o senhor Luiz Antônio Venker Menezes: o Mano, técnico do Cruzeiro.
Mano Menezes começou a carreira de treinador em 1997, no comando do Guarani de Venâncio Aires, clube do interior do Rio Grande do Sul. Mostrou talento, cresceu na carreira, chegou à seleção brasileira e se consolidou como um dos principais técnicos do país. Entre as virtudes, se destacou por montar equipes equilibradas, que sabem se defender Mostrou também um apreço grande por torneios de mata-mata. Os números provam.
Considerando toda a carreira como treinador, Mano disputou 112 jogos eliminatórios. Venceu 61, empatou 23 e perdeu 28, o que dá um aproveitamento de 61,3%. Em competições deste perfil, porém, o aproveitamento pouco importa, já que o que vale é passar de fase. Vamos, então, ao número que interessa: foram 47 classificações dos times de Mano nesse tipo de torneio, contrastando com apenas 15 eliminações. É válido ressaltar que consideramos, também, as competições eliminatórias com jogo único. É copeiro o senhor Mano Menezes! Mas por quê? Perguntamos a ele.
- A gente mata mais do que morre (risos). É um tipo de disputa diferente. Eu já falei sobre isso, que em 180 minutos o objetivo sempre está muito mais próximo, palpável. Você venceu, passa de fase. É uma questão que, para a motivação dos grupos, é mais fácil, quando o objetivo está mais perto. Tem grupos que tem mais características para um lado, mais regulares (pontos corridos). Outros para o outro (mata-mata), mais fortes, vibrantes. Às vezes por isso que se dão melhor em competições como essas do que em outras. Mas não existe técnico para isso ou para aquilo. Tem que ser técnico de tudo. Tem que ganhar pontos corridos, ganhar mata-mata, ganhar tudo. Senão você já sabe o destino.
A conquista
Apesar dos bons números em torneios de mata-mata, a única conquista de um grande título nacional de Mano, a Copa do Brasil de 2009, já completa oito anos (relembre os dois jogos da final nos vídeos abaixo). Na ocasião, no comando do Corinthians, eliminou Itumbiara-GO, Misto-MS, Atlético-PR, Fluminense, Vasco e Internacional.
Este ano, com o Cruzeiro, teve trajetória semelhante. Passou por duas equipes de menor expressão nas duas primeiras fases (São Francisco-PA e Murici-AL) e, na sequência, passou por times maiores. São Paulo, Chapecoense, Palmeiras e Grêmio ficaram para trás. Falta o Flamengo para Mano - e o Cruzeiro - "coparem" de novo.
Fonte: Por Guilherme Frossard, de Belo Horizonte