Jogadores do RS têm casas submersas

casadaA enchente no Rio Grande do Sul já causou 90 mortes, segundo atualização na manhã desta terça-feira. Além de mais de 200 mil pessoas fora de casa. Entre essas vítimas do desastre, que atingiu 385 dos 497 municípios do estado, estão alguns jogadores menos conhecidos no cenário nacional. São os casos do lateral-direito Itaqui, do Monsoon, do centroavante Patrick, atualmente sem clube, e o volante Lucas Oliveira, do Novo Hamburgo, em três cidades diferentes da região metropolitana de Porto Alegre. O trio relata os momentos de tensão com a saída de casa e até mesmo o nascimento de uma filha em meio a essa situação extrema.

O ge buscou relato de atletas de clubes menores do Rio Grande do Sul afetados pelas enchentes na região metropolitana da capital. Três atletas em Novo Hamburgo, Canoas e Esteio são exemplos da dor de milhares de gaúchos e da necessidade de reconstrução em um futuro próximo. Representam todo um povo ferido com a enchente neste texto. Os três recebem doações por pix.

Lucas conseguiu entrar na residência nesta segunda-feira. Em contato com o ge, o jovem de 20 anos afirmou que pouco se salva do que ficou na casa. As imagens enviadas pelo atleta mostram a água um pouco abaixo do joelho, com geladeira boiando e móveis submersos. Do lado de fora, o nível chega na cintura (veja acima).

A residência fica próxima do Rio dos Sinos, que deságua no Delta do Jacuí, que posteriormente acaba no Guaíba. O local nunca havia passado por alagamentos antes, conforme relato de Lucas. Perto da casa, há um campo de futebol que costumeiramente alaga em chuvas mais fortes. Mas a água extravasava um pouco, sem chegar próximo da casa.

— Sempre quando chove muito o campo fica completamente alagado e vai saindo pelas ruas. Na quinta, dia 2 de maio, a água veio subindo e não parou mais. Foi ali que começou a entrar dentro de casa e alagou o bairro todo, algo que nunca tinha acontecido — disse Lucas.

Conhecido pelas passagens por clubes como Avenida, São Luiz, Esportivo, Santa Cruz e Novo Hamburgo, o lateral Itaqui, de 33 anos, precisou sair às pressas de casa no bairro Mathias Velho, em Canoas, na madrugada de sexta para sábado. O local foi um dos mais afetados na região.

— Houve um pedido de evacuação da prefeitura no começo da noite, eu tirei minha esposa e meu filho. Fiquei na casa e, por volta das 4h, a água ainda não tinha chegado e, mesmo assim, eu tirei o carro para um lugar mais alto. Por volta das 6h, nossa casa começou a ter um pouco de água e às 7h já saímos com água praticamente na cintura. Depois, as imagens que a gente recebe é de água batendo no teto em questão de horas.

Com o nível da água aumentando cada vez mais, Itaqui se limitou apenas a salvar as coisas mais importantes. Segundo ele, só deu tempo para pegar itens pessoais e as "coisas" do pequeno Filipe da Silva, de apenas sete anos. No momento, a família se encontra na casa dos pais do jogador, na cidade de Gravataí.

Desde a saída, o cenário no bairro Mathias Velho, em Canoas, só piorou com os últimos dias de chuva e o aumento do nível da água. Em um vídeo aéreo divulgado pela empresa Winter Filmes, o jogador identificou a residência da família completamente embaixo d'água.

— Voltei na casa para levantar os móveis, em um pensamento de prevenção pois é uma área que nunca foi atingida. Pensei que na pior das hipóteses entraria água no pátio ou mesmo um pouco na casa. Mas jamais que fosse chegar ao teto — complementou.

O cenário é desolador também para o centroavante Patrick, de 25 anos, que teve passagem pelas categorias de base do Inter em 2019 e, na sequência, por Novo Hamburgo e Lajeadense. Atualmente sem clube, o jogador mora em Esteio junto com a esposa Cristiane e a filha Maria Cecília e perdeu praticamente tudo na enchente. Em meio ao caos, a dor foi amenizada com a chegada da segunda filha, Maria Clara, no domingo.

— O pessoal comunicou às 5 horas da manhã de sexta que tinha previsão de alagamento, mas saí de casa, olhei e estava tudo bem. Às 8 horas, meu cunhado chegou para nos buscar. O parto da minha filha seria no sábado, não no domingo como foi. Não fazíamos ideia de quanto a água ia subir. Então, arrumamos o básico e saímos. Minha esposa foi para casa dele e eu saí para rua pra ajudar o pessoa que tinham sido atingidos. Quando eu fui ver, meu cunhado estava me ligando, pedindo para voltar que já estava alagando. Quando cheguei estava tudo alagado. Foi o tempo de levantar algumas coisas, jogar umas roupas da minha filhinha e ir embora.

Por Roberto Peruzzo — Caxias do Sul

 

 

logo
Rua Dom Bosco, 96 - Cirurgia 
Aracaju-SE - CEP: 49.055-340
Whatsapp:  79 99932-1656
Email: contato@gazetahoje.com