Apesar do embarque do PT e de outros partidos da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na candidatura de Davi Alcolumbre (União-AP) à presidência do Senado, a expectativa dentro do Palácio do Planalto é de que a relação do governo com essa Casa do Legislativo mude a partir do próximo sábado (1º).
Mesmo sendo visto como um parlamentar próximo do presidente Lula, Alcolumbre já sinaliza aos seus aliados mais próximos que pretende adotar uma posição de maior independência do Executivo em comparação com o seu antecessor, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Três senadores governistas ouvidos pela reportagem avaliam que a gestão petista vai precisar fazer mudanças na sua articulação política dentro do próprio governo, justamente pensando nas trocas de comando tanto da Câmara quanto do Senado. No caso de Alcolumbre, eles apontam a necessidade de o Palácio do Planalto dialogar e negociar ainda mais com o futuro presidente do Senado na comparação com Pacheco.
Nesse sentido, os parlamentares da base relembram, por exemplo, que a relação de Lula com Pacheco foi construída logo após o período eleitoral de 2022 e quando o petista ainda vivia os momentos iniciais do governo.
Por outro lado, a chegada de Alcolumbre ao comando do Senado acontece em meio à queda de popularidade de Lula junto ao eleitorado e de diversas crises, como a do Pix e da extensão do prazo de validade dos alimentos. Existe ainda o impasse do Congresso Nacional com o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre emendas parlamentares e que pode afetar diretamente a correlação de forças com o Executivo.
Na busca por uma maior aproximação com Alcolumbre, o presidente Lula determinou que todos os seus ministros com mandato de senador se licenciem para que possam votar na eleição do Senado deste sábado. O mesmo gesto de apoio à candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) foi feito em relação aos ministros com mandato de deputados na Câmara.
Ao todo, o governo conta com 12 ministros que são parlamentares licenciados, sendo quatro no Senado e oito na Câmara. Tanto Alcolumbre quanto Motta são vistos como os principais candidatos nas disputas que vão eleger os presidentes das duas Casas para os próximos dois anos.
"Alcolumbre e Motta tiveram uma relação muito respeitosa com o governo ao longo destes dois anos. A expectativa que se mantenha e se avance nessa relação", disse o deputado Alexandre Padilha, que é o ministro das Relações Institucionais, no Palácio do Planalto.
Por Wesley Oliveira (Gazeta do Povo)