O procurador do Tribunal de Contas do Estado de Sergipe (TCE/SE), José Sérgio Monte Alegre, disse ser favorável ao recebimento da verba referente ao auxílio moradia e afirma que, por ser um direito adquirido por lei, ele não abre mão. “Aquilo que não é meu eu não quero. Mas aquilo que é meu por direito eu quero”. A declaração do procurador foi feita ao jornalista Marcos Borges, no programa Jornal da Ilha, e acabou gerando muita polêmica.
Durante a entrevista, Sérgio Monte Alegre deixou claro que não vai abrir mão de receber o valor que tem direito por lei. “eu não sou hipócrita para dizer que abro mão do auxílio moradia porque ela está prevista em lei, a partir da lei orgânica da magistratura nacional e alcança”, defendeu o procurador.
Ao ser questionado se o recebimento dessa verba não seria uma contradição, Monte Alegre disse que “eu acho que é. Por ser uma contradição eu vou abrir mão de um direito meu?. O que é que eu vou resolver com isso. Nada. Vai ser mais um grupo de pessoas prejudicada pelo poder público”, explicou Monte Alegre.
O procurador defende que não deve abrir mão de seu direito e que não adianta se solidarizar com a fome de outras pessoas. “Vai adiantar eu me solidarizar com a fome de alguém? Eu vou passar fome também. Então essa questão embora me incomode um pouco, não é suficiente para que eu deixe de receber. Agora se fosse ilegal. Se o Supremo Tribunal Federal declarasse que a lei é inconstitucional ai seria diferente”, afirmou.
Durante a entrevista, o jornalista questionou o valor do salário alto dos procuradores que além disso, tem ainda o direito ao auxílio moradia. Em resposta, Sérgio Monte Alegre lembrou de uma situação que viveu no passado, quando presenciou em uma rua em frente ao mercado municipal, um carroceiro que atrapalhava o transito e que um motorista acabou dizendo uma frase que ele guarda até hoje.
“Anos passados eu ainda era estudante de direito e transitava ali perto do mercado central. E vi uma cena que se fixou na minha memória. Um carroceiro estava à frente de um automóvel e não lhe dava passagem. Apesar das insistentes buzinadas do motorista. Até que o motorista desceu de seu próprio carro foi até o carroceiro e pediu que ele afastasse a carroça. E o carroceiro se negou a fazê-lo. E arrogantemente disse só porque o senhor acha que é doutor pode falar assim comigo?. Ele disse olha, o seu trabalho eu posso fazer. Desça da carroça que eu faço. Agora você pode fazer o meu? Você pode operar a paciente que eu vou operar agora com urgência?”, contou.
Com essa história, Monte Alegre alega que “nós temos que ponderar essas coisas. O ideal como está na constituição é que haja uma redução da desigualdade entre o menor salário e o maior salário. Uma pessoa não pode ganhar cem vezes mais que outra ganha. Isso é absolutamente injusto. Nós não temos nenhuma interferência nisso. Isso é com o governo. É o governo que estipula esses valores monetários para todas as categorias”, defendeu.
O procurador falou também sobre greve. Ele acha que o trabalhador tem o direito e deve ir para a rua reivindicar. “Ta achando pouco?, vá para a rua. faça sua greve por tempo indeterminado. A greve é legal. Até que o poder público resolva conversar. Eu posso estar sendo injusto. Eu não sou infalível. Mas até agora eu não vi uma greve em favor de uma maior qualificação dos professores. Até agora que não vi uma greve pela redução do material escolar que os pais são obrigados a comprar. Só se faz greve focado no salário do servidor para professor. Esse professor foi classificado suficiente para receber esse salário que está sendo reivindicado?. Na minha opinião a mais importante de todas as profissões é a do magistério. Sem ela não há nenhum outro profissional. Mas o que eu tenho visto é isso. Salário. Salário. Salário. Salário...”.
Para Monte Alegre, o brasileiro é mal educado no sentido de agressão. “O brasileiro é mal educado de que lhe de um tapa. Ele é mal educado porque ele não foi preparado, eu acho isso intencional, para exercer a sua cidadania”, afirmou.
No Tribunal de Contas do Estado de Sergipe, têm direito ao auxílio-moradia, 7 conselheiros, 4 procuradores e 3 auditores. Entre os procuradores está Sérgio Monte Alegre que reivindica a verba.
Colaborou os radialistas Jailton Santana, Magna Santana e o jornalista Marcos Borges do programa Jornal da Ilha.
Fonte:Faxaju