Lula é chamado de "falso amigo" pelos franceses e investimento estrangeiro cai 30% em seu governo

Categoria: Mais Notícias Escrito por José Raimundo Feitosa

vergoO jornal francês Libération colocou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na capa da edição desta sexta (23) chamando-o de “falso amigo dos ocidentais” e classificando-o como uma “decepção” por declarações dúbias quanto à guerra da Rússia contra a Ucrânia e pelo restabelecimento das relações com a ditadura de Nicolás Maduro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi capa da edição desta sexta-feira (23/6) do jornal francês, na manchete, o veículo faz uma crítica contundente, devemos lembrar que neste momento o acordo Mercosul-Europa está quase descartado.

A matéria se refere à viagem de Lula à França para participar da cúpula sobre o Novo Pacto Financeiro Global, em que discursou mais cedo criticando países desenvolvidos e organizações internacionais como a ONU, o FMI e o Banco Mundial, além das exigências do parlamento francês ao acordo Mercosul-União Europeia.

O importante periódico francês afirma que a imagem de um líder global como era o que se aguardava, não se concretizou. As críticas ao presidente se dão em especial pelo posicionamento do petista em relação à guerra russo-ucraniana. “O presidente brasileiro não é o precioso aliado que imaginávamos, especialmente quando se trata de ostracizar o novo pária do ocidente: a Rússia, culpada de uma invasão intolerável à Ucrânia”, afirma. O jornal ainda questiona se Lula não tem conhecimento dos abusos cometidos por Nicolás Maduro ao que chamaram de “República Bolivariana do Autoritarismo”, em referência à visita do líder venezuelano ao Brasil no final do mês passado para participar da reunião de presidentes da América do Sul.

O presidente Lula está na França para uma série de compromissos. Nesta sexta-feira, discursou na Cúpula Internacional do Novo Pacto de Financiamento Global, ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron.  A ironia quanto ao brasileiro mostra que a imagem dele está abalada e não tem a importância que reverbera possuir segundo seus partidários verbalizam aqui no Brasil. Segundo os franceses, Lula era esperado pelo mundo como um “messias” ao ter sido eleito à presidência brasileira “por um fio de cabelo (50,9%)”, mas a “imagem ficou um pouco manchada” frente ao otimismo inicial de líderes como Emmanuel Macron (França), Joe Biden (EUA), Ursula von der Leyen (UE), entre outros.

“Lula vem buscar promessas enquanto sua volta ao cenário internacional nem sempre agrada aos ocidentais”, aborda o jornal, lembrando que a viagem é, ainda, uma tentativa de restabelecer as relações bilaterais que teriam sido prejudicadas pelo governo de Jair Bolsonaro (PL).

Lula vai receber Alberto Fernández na próxima segunda (26). Em Paris, Lula se reuniu com presidente de Cuba e da África do Sul depois iria ter um encontro com príncipe Salman al Saud que deu de presente o kit de jóias à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, mas cancelou após repercussão negativa. Mas as dificuldades em casa são de conhecimento internacional, o jornal afirma que Lula está “de mãos atadas pelo Congresso”. E seguiu, “O presidente brasileiro, hiperativo internacionalmente, luta para aprovar suas reformas em um país extremamente polarizado. No Parlamento, a direita e a extrema-direita continuam majoritárias com o apoio do agronegócio”. Ainda cita uma entrevista com o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que ironiza as frequentes viagens de Lula enquanto o governo sofre para formar uma base parlamentar para passar projetos de interesse. “Espere, o piloto desapareceu”, corre nos corredores da política que Lula vive do binômio viagem e vingança, por sua atenção e do PT em caçar Deltan Dallagnol (realizado) e o senador Sérgio Moro, além de tornar Bolsonaro inelegível, sem ainda efetivar um projeto para o país. O Brasil vive preso nos atos CPIs e disputas de abordagens sobre 8 de janeiro.

O jornal afirma, ainda, que Lula já teria “quilômetros rodados suficientes para ‘duas voltas ao mundo’, estando ausente do Brasil por quase trinta dias”. Realmente Lula prioriza suas viagens, mas tem hoje o pior início dos seus três governos com apenas 37% de aprovação. Apesar da inflação ter caído atualmente com IPCA do último mês 0,23% (maio/23) acumulando em 12 meses 3,94% segundo IBGE, em parte pela taxa alta do Banco Central em 13, 75% com quem ele vive a turras. O desemprego não arrefece, a taxa no Brasil subiu para 8,8% no trimestre móvel terminado em março, segundo PNAD, nem existe ganhos no poder de compra das famílias pela falta de crescimento real dos salários em montante considerável.

Pior notícia vem no horizonte, após recorde em 2022, o fluxo de capital estrangeiro aportado no setor produtivo do Brasil caiu 28,3% nos quatro primeiros meses de 2023 na comparação com o mesmo período do ano passado. O saldo do chamado investimento direto no país (IDP) entre janeiro e abril deste ano, o primeiro da atual gestão de Luiz Inácio (PT), foi de US$ 24,3 bilhões, contra US$ 33,9 bilhões em intervalo equivalente de 2022, último ano do mandato de Jair Bolsonaro (PL). Lula,embora viaje muito, não anunciou nenhum grande empreendimento vindo do exterior. Os valores são líquidos, já estão descontadas as saídas de capital. Considerando apenas o mês de abril, resultado mais recente declarado pelo BC, o aporte líquido de investimentos estrangeiros foi de US$ 3,3 bilhões, ante US$ 11,1 bilhões no mesmo mês do ano passado – uma queda de 70,3%. Em 2020, primeiro ano da crise sanitária, o IDP líquido no Brasil ficou em US$ 37,8 bilhões. Em 2021 o saldo de investimentos estrangeiros foi de US$ 46,4 bilhões. Entre as esperanças que esta situação mude estão nos próximos anos estaria o potencial do agronegócio e principalmente de geração de energia renovável, seara que deve positivamente trocar de patamar.

Entre muitas viagens, revanchismo de ambas partes, o Brasil patina aos olhos do mundo. Uma oportunidade até agora que se mostra perdida, uma decepção para os brasileiros também.

Por Tulio Ribeiro