Lula libera quase 2 bilhões num dia por votos

Categoria: Mais Notícias Escrito por José Raimundo Feitosa

gastoO presidente Lula passou um cheque de quase dois bilhões de reais em emendas para impedir que o país pudesse reordenar o Estado e retirar uma estrutura inchada de 37 ministérios. Foi um só um dia de compra de 'simpatia' parlamentar, mais algumas promessas nada republicanas ao presidente efetivo Arthur Lira.

Já superava a meia-noite quando Lula ligou para o deputado José Guimarães (PT-CE). Em comunicação curta o interesse não era reforma tributária, demarcação de terras indígenas ou programas sociais, o que importava era saber o placar (337 votos favoráveis, 125 contrários e 1 abstenção) da aprovação da Medida Provisória que reorganizou a administração federal com um total de ministérios que pudesse manter seu governo de pé, mas de joelhos frente ao  Centrão. Continuando este vergonhoso capítulo, o líder do governo subiu à tribuna no final da  sessão de 14  horas. “Presidente Arthur Lira“, disse, “muito obrigado pelo seu gesto. O governo haverá de reconhecer o seu papel e o gesto". Comenta-se que uma reforma ministerial foi prometida e a aliança seria a pasta da saúde na mão atualmente de uma técnica

Mais cedo ocorreu liberação de pagamentos de emendas parlamentares em valor próximo de 1,7 bilhão de reais — 70% a mais do que na terça-feira anterior (23). No final o governo conseguiu até um “milagre”: reviveu a Fundação Nacional da Saúde, já extinta, e suas 26 superintendências regionais para serem distribuídas como moeda de troca. Deste modo o Brasil pode estar remetendo dinheiro do teto de casas que nem tem alicerce, tamanha fragilidade deste governo em queimar recursos para manter a 'velha política'. Qual planejamento pode se sustentar quando as liberações não são técnicas e apenas para manter um presidente sem base parlamentar no congresso.  Alguém que fez uma frente da direita até a esquerda. Até os partidos comunistas viraram neoliberais com arcabouço fiscal. Aliás, se Bolsonaro queria desabrigar os comunistas das legendas ideologicamente marxistas, foi Lula que os debilitou com sua eterna política de trazer a esquerda para o centro e direita. Os PCs no Brasil efetivamente ao votarem em Lula e chancelar sua gestão, sumiram para um verdadeiro comunista.

O próprio presidente Luiz Inácio reconheceu este seu velho modelo ao voltar a falar, nesta sexta-feira, 2, sobre a dificuldade de negociar com o Congresso Nacional, leia-se pagar emendas nem sempre necessárias ao país para receber apoio. A relação com o Legislativo tem sido marcada por tropeços. Efetivamente não há registro que um governo gastasse tanta energia, dinheiro e empenhasse promessas no balcão das barganhas políticas para conseguir aprovação dos deputados a um simples ato administrativo.

“Não é só ganhar uma eleição. Você ganha a eleição e depois precisa passar o tempo conversando para ver se consegue aprovar uma coisa. É importante que vocês saibam o esforço para governar. Ontem a gente corria o risco de não aprovar o sistema de organização do governo que fizemos. (…) Você tem que conversar com quem não gosta da gente, com quem não votou na gente”, afirmou o presidente.

A conturbada administração é o resultado da desarticulação política, incapacidade de formar uma base parlamentar suficiente para aprovar projetos, alertas emitidos por atores do poder, especialmente o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Na verdade, Lula continua no palanque da campanha eleitoral. Após ter menos de 1% de vantagem na eleição mais disputada da história republicana e de se comprometer a formar governo de frente ampla, buscando apoio de outros setores de uma sociedade fortemente dividida, Lula preferiu continuar com o discurso eleitoral e em tom de revanche.

Os interlocutores mal escolhidos dentro do raio de suas amizades, acabou fomentando crises que prejudicou a capacidade do governo de articular alianças e construir uma base sólida de apoio no Congresso, dificultando a aprovação de medidas importantes e causando instabilidade política. Por mais de uma vez, Arthur Lira, se queixou da excessiva centralização no atendimento de demandas na Casa Civil, comandada por Rui Costa (PT-BA). A terceirização do papel de negociador, retira a principal responsabilidade política de um regime presidencialista.

A sua ambição em ser líder mundial, fez como prioridade à agenda internacional sem nenhum resultado efetivo ou investimento destacado vindo do exterior. As viagens são mais gastas que investimento. Ao investir contra o chamado orçamento secreto, Lula acreditou equivocadamente ter mudado a correlação de forças na Câmara e contou com carisma pessoal para ampliar sua influência. Uma ilusão, onde o que se observa é o crescimento da presidência de outro poder, o legislativo.

Remontando a história, se buscarmos na política feudal, os reis tinham quase nenhum poder, o qual era dividido entre os diversos senhores feudais, que tinham o domínio das leis e normas em seus feudos. Arthur Lira e Rodrigo Pacheco são os senhores feudais que comandam a presidência do Brasil, e nós, os verdadeiros vassalos diante da debilidade do executivo

Por Tulio Ribeiro